Poesia ao Poeta
O poeta quando sofre por amor Faz-se rouxinol vivendo em cativeiro Quando encanta com seu canto o dia inteiro Enclausura-se nas asas de sua dor Na harmonia de suas notas num poleiro Melancólico é o som de seu clamor Doce melodia que tenta se opor Ao barulho que ecoa em seu viveiro E rabisca na beleza de um verso Emoção que ele oculta em seu semblante Alegria que aparece dissonante Do que na verdade nele há submerso Mas seu pensamento voa tão distante Toca estrelas no limite do universo E Ilumina-se da sombra do adverso Clareando o seu caminho adiante Acompanha-se por fim da solidão Sussurrando tão suave em sua mente Na insistência de uma voz impaciente Que escuta-se em meio à escuridão E então poeta planta sua semente: Das estrofes que germinam de sua mão Faz poesia que encena a frustração Da real decepção que ele sente. (Homenagem ao poeta Fernando Pessoa , em sua poesia Autopsicografia)