Equilíbrio
De acordo com a lei fundamental do taoismo, a dualidade que compõe tudo o que existe advém de duas forças fundamentais, que se completam ao passo que se anulam: o yin e o yang; que não podem ser separados, e compõem o alicerce de toda a estrutura universal. Bem e mal, vida e morte, frio e quente, claro e escuro, passado e futuro, certeza e dúvida... Situações antagônicas, objetos contrários resultantes da antítese que se forma, entre outras coisas, de nosso hábito de classificar cada experiência dentro de um comparativo dinâmico e interminável. A festa legal, o amor que acaba em ódio, o filme que decepciona, a traição que machuca, a expectativa que não corresponde, a surpresa daquilo que não se esperava...
Esse eterno levantar-se depois de cada quedaEssa busca de equilíbrio no fio da navalhaEssa terrível coragem diante do grande medo, e esse medoInfantil de ter pequenas coragens".
- Vinícius de Moraes
Equilíbrio
Costumamos chamar de bom aquilo que, de alguma forma, nos remete à situação de satisfação, de prazer. Estes, buscamos com vigor e determinação. Já o mau, aquilo que de alguma forma nos traz sofrimento, que não nos agrada. Estes, tratamos como eventualidades, ou obrigações. Obviamente, evitamos estes.
"Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirintoEsse eterno levantar-se depois de cada quedaEssa busca de equilíbrio no fio da navalhaEssa terrível coragem diante do grande medo, e esse medoInfantil de ter pequenas coragens".
- Vinícius de Moraes
E nisso, a natureza universal, em sua perfeita simetria, se faz sábia: um não existe sem o outro. O levantar só é possível com a queda; a luz das estrelas só é vista pela noite; a vida se renova com a morte; o passado que um dia já foi futuro. Por esta razão, em sua dicotomia, a natureza pode ser traduzida em uma palavra: equilíbrio.
Se buscarmos coisas "boas", inevitavelmente virão as "más". Como uma gangorra que sobe, e vai descer. Mas não importa se em cima, ou embaixo. O importante é o prazer do movimento.
Equilíbrio
Não existe crime que não mereça castigo
Nem água boa que não faça engasgar
Não há cabana que não sirva de abrigo
Nem mansão grande que não dê pra assaltar
Não há amor que não acabe em desavença
Nem ódio grande que não dê pra disfarçar
Não há delírio pelo lírio que não cresça
Nem planta verde se a chuva não regar
Não há batalha que se vença sem a luta
Nem paz suprema que perdure eternamente
Não tem sussurro que um ouvinte não escuta
Nem grito alto que o surdo não comente
E com, o tudo, o nada e o sem, é o equilíbrio que mantém cada detalhe em seu lugar
E mais que isso não convém, é a ilusão que faz refém aquele que não enxergar
Não há ferida funda que o tempo não cure
E não há tempo que faz desaparecer
Não existe monte grande que o vento não mude
Nem grão de areia se movendo por querer
Não há corrida que não canse o corredor
Nem caminhada que não possa percorrer
Não há valente que não grite com a dor
Nem um covarde quando vence sem querer
Não há sol forte que qualquer nuvem não cubra
Nem tempestade que o impeça de raiar
Não há poente que não seja da cor rubra
Nem lua crescente que se chame de luar
Tampando um olho com a mão, não se distorce a razão, a vida quer nos ensinar
Aquilo que se faz jargão, e por orgulho ou distração, a gente insiste em ignorar.
Nem água boa que não faça engasgar
Não há cabana que não sirva de abrigo
Nem mansão grande que não dê pra assaltar
Não há amor que não acabe em desavença
Nem ódio grande que não dê pra disfarçar
Não há delírio pelo lírio que não cresça
Nem planta verde se a chuva não regar
Não há batalha que se vença sem a luta
Nem paz suprema que perdure eternamente
Não tem sussurro que um ouvinte não escuta
Nem grito alto que o surdo não comente
E com, o tudo, o nada e o sem, é o equilíbrio que mantém cada detalhe em seu lugar
E mais que isso não convém, é a ilusão que faz refém aquele que não enxergar
Não há ferida funda que o tempo não cure
E não há tempo que faz desaparecer
Não existe monte grande que o vento não mude
Nem grão de areia se movendo por querer
Não há corrida que não canse o corredor
Nem caminhada que não possa percorrer
Não há valente que não grite com a dor
Nem um covarde quando vence sem querer
Não há sol forte que qualquer nuvem não cubra
Nem tempestade que o impeça de raiar
Não há poente que não seja da cor rubra
Nem lua crescente que se chame de luar
Tampando um olho com a mão, não se distorce a razão, a vida quer nos ensinar
Aquilo que se faz jargão, e por orgulho ou distração, a gente insiste em ignorar.
Bom dia,
ResponderExcluirNa verdade o mal existe, quando deixamos o amor se ausentar e assim por diante.
O prazer em si encontra-se no enorme aprendizado, o no frio que dá na barriga ao imaginar que determinadas coisas possam existir ou deixarem de existir.
Quase sempre o prazer encontra-se na caminhada e não na chegada, o vínculo se encontra na conquista e não no ato de amar em si... Talvez por isso grandes amizades durem mais que grandes amores, porque com amizades a conquista deve ser diária. Com o amor, vamos deixando correr com o tempo.
Enfim, manter o equilíbrio entre o prazer do sonho e o ato da conquista, na minha singela opinião é o que de fato faz a vida valer a pena.
Parabéns pelo texto, muito bem escrito.
Abraços.
Olá!
ExcluirMuito pertinente Lu... Também acho que que, em se tratando de metas, a felicidade (ou qualquer sentimento atrelado) deve ser uma constante durante a viagem, não o troféu da chegada... Senão, seremos movidos a conquistas, e não à beleza inerente ao ato de viver...
Para mantêlo, devemos manternos serenos, e não nos deixarmos abater nos momentos ruins, assim como saber que tudo , um dia chega ao fim!
Mais uma vez, agradeço pela leitura! Fico muito feliz!
Abraços!