Momentos
São todos únicos, singulares. Não se repetem. Mesmo que se queira, aquele
que já foi, não será mais. Seja um gesto, uma imagem, um sussurro, uma palavra;
mil delas, ou o mais absoluto silêncio. Momentos são nossas páginas escritas,
arquivados em nossa memória como num guichê, onde se encontra a passagem que
nos leva a uma viagem, numa odisseia de pensamentos que trazem à tona as mais
variadas emoções.
Estes instantes, fragmentos de nossa história, são as peça do quebra
cabeça que remonta quem somos, de onde viemos, e para onde vamos. Nos dá forma.
E de forma empírica, trata-se do mais importante elemento que nos define como
seres humanos conscientes, num roteiro minuciosamente elaborado dentro do palco
da existência.
"Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mão
E a retiraste.
Senti ou não"?
- Fernando Pessoa
Alguns são inesquecíveis, insolúveis à ação dos anos; tão especiais que
poucos segundos tornam-se épicos romances, cujos desdobramentos simplesmente
fazem parte de nós. E são esses, independentemente do gênero o qual faça parte, que nos acendem a centelha da vida.
O Momento
Entre um uivar do vento na colina
Costa verde do monte em céu poente
Limiar desta tarde que crescente
Termina mais um ciclo em sua sina
Em espectro de cores desatina
Jubileu que do tempo inerente
Torna instante o eterno de repente
Tal rápido quanto ave de rapina
Paisagem do horizonte que fascina
Em pintura vislumbra pela frente
Comparando beleza equivalente
Com reflexo da imagem na retina
Doces olhos sublimes de menina
Remontando à memória traz à gente
Nesse quando onde tudo era inocente
Sépia imagem que a lembrança ilumina
Nesse universo em íris verde-clara
Onde orbita esse mundo de desejo
Uma voz vem do passado e declara
Sibilando um futuro em que vejo
Que a vontade que inicia e não para
Só se encerra no começo de um beijo.
Só se encerra no começo de um beijo.
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