Sobre o tempo

De repente, você acorda e 30 anos se passaram. Diante de seus olhos, uma vida repleta de experiências cotidianas, que culminam naquilo que te chamam de "você". Alguns bons, outros nem tanto assim. Mas nenhum irrelevante: cada segundo vivido se acumula na ampulheta da existência, e tomam forma em todas as características que montam sua personalidade única e insubstituível.

"De que são feitos os dias?
- De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças".

- Cecília Meireles


Einstein provou sua relatividade, sendo o tempo não absoluto. Nós assim o comprovamos todo dia, sem sequer termos alcançado a velocidade da luz: horas não passam iguais, e comparando aquele momento tedioso que se arrasta àqueles outros que se passam num estalar de dedos, validamos tal teoria. E o tempo do relógio e o tempo percebido não são mais os mesmos. Como o sono de horas que não se percebe. Como a dor de segundos que nunca passa.


"Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá".


- Toquinho


O próprio conceito de vida está atrelado ao tempo, que dele se faz objeto em todo seu ciclo. Mas nossa consciência não o compreende como deveria. Sabemos como começa e como termina, mas não assimilamos as consequências que dele derivam inevitáveis. Vida e tempo andam de mãos dadas, contemplando lados opostos. Em sua inata trajetória, aceitar qualquer fim (o cume do tempo) é sempre um desafio. A concepção da vida se faz em voltas, infinitos círculos alinhados que formam a reta do passar, diante da percepção humana. Tempo é vida. Vida é transformação. Transformação é tempo. Então, pegue uma carona, sente na janela, e deixe-se transformar. Porque a viagem, uma hora chega ao fim. Mas o tempo, este é eterno.

E sobre o tempo:

A Jovem Bailarina

Dançava ágil sob a luz da encenação
Pés suaves, leves feito beija-flor
Em suas pontas deslizando em esplendor
Parecia flutuar por sobre o chão

E seguia sem qualquer hesitação
Toda ordem que gritava seu mentor
Disfarçando com sorriso sua dor
Harmonia que beirava a perfeição

Mas o tempo que a cena espreitava
Jovem bailarina e toda pureza
Naquele ato que ali se completava

Decidiu pela cortina que fechou
Somente perpetuada a beleza
Do sorriso do passado que deixou


Comentários

  1. P.S.: o título é sim música do Nenhum de Nós!

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  2. Boa noite,
    Primeiramente gostaria e parabeniza-lo pelo Blog, simplesmente show de bola os seu pensamentos.
    Agora esse poema da Jovem Bailarina é de sua autoria?
    Gostaria de utilizá-lo e gostaria de dar os devidos créditos.
    Grata pela atenção.

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  3. Olá Lu!

    Primeiramente, gostaria de te agradecer pela leitura!

    O poema é sim de minha autoria. Sinta-se a vontade para utilizá-lo como quiser.

    Obrigado, e tenha uma ótima semana!

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    Respostas
    1. Boa noite Rafael,

      Obrigada pelo retorno.

      Tenha um ótima semana. Abraços.

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