Frenesi

O ritmo de vida hoje é assim: tudo passa como flecha, e compreendemos muito pouco do que nos é disponibilizado. Cada vez mais, as horas se extinguem com tal rapidez, que o ciclo do dia é pouco para comportar o número de compromissos e afazeres que acumulamos em nossa rotina.

O medo da vacância em nossa existência nos preocupa. Procuramos mais, queremos fazer tudo, seja um curso, uma viagem, uma festa, um emprego, um relacionamento, um ida ao cinema... Já que a vida é uma só, vamos à busca! 

Mas como num paradoxo, ao assumirmos esse acervo de tarefas intermináveis, acabamos por não nos entregarmos a nenhuma com devida atenção. E todas atingem um segundo plano, por fazermos coisas pensando em coisas seguintes. E daí vem a insatisfação: não porque temos poucas; mas porque temos demais e somos limitados a nossa capacidade de assimilação sensorial, vivendo num ritmo frenético e pensando sempre no que há de vir. Almejamos a "chegada", em detrimento do "caminho".

Postaria uma imagem, que "vale por mil palavras"... Mas se não arrumarmos tempo para aquilo que realmente importa, qual o sentido de nossa existência? Que nossa prioridades sejam vividas, e que cortejem as horas que lhe são entregues.

Lembremo-nos: já que não somos eternos, que não sejamos etéreos. 

E escreveria mais, mas ando sem tempo...

O Frenesi

Despertador
Desperta a dor
Começa o dia

O sol nascendo
E vai regendo
Em sincronia

Todos os passos
Num compasso
A sinfonia

Em tique-taque
É como um baque
A melodia

O compromisso do serviço
A reunião
Fila no banco e solavanco
A multidão
Rápido almoço no alvoroço
A refeição
Já compra a janta e se adianta
A promoção

Olha pra hora e vai embora bem depressa
Academia, hoje é dia, vamos nessa
Carro parado em compilado, via expressa
Liga o som num rock bom, senão estressa

Logo em seguida a partida pra estudar
Ânimo falha na batalha pra pensar
Chegando lá é guaraná pra acordar
E num vacilo, um cochilo a visitar

Deitado em seu leito, nem pensa direito, e põe-se a vagar
Que quando lá atrás tornou-se incapaz de sonhos sonhar?
Do tempo é lacaio, e desse balaio não pode sair
Ponteiro é seu dono e tira seu sono, não dá pra fugir

E já pensa em acordar
Nem sequer já foi dormir.



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