Palco da Existência

Posso ser um, dez ou cem
Cada segundo uma face
Pelo que convém
Um humor, um sorriso
Um disfarce
Até mesmo desdém
Uma lágrima, um grito
Um gemido que não se detém

Possuo em mim todo sentimento
Suando dos poros
Da luz que sou feito
Ou oculto nas sombras
De alguém imperfeito
Que ri e que chora,
Que vem e vai embora,
A todo momento

Um ator numa cena
Recorrente à vida
Ora o ato é comédia,
Ora a fala é contida
E quando na tragédia
É o pranto do aflito
Que encharca as folhas
Do roteiro não escrito

Não me emoldure em palavras
Que falam por completo
Pois o mundo decerto
É todo movimento
Se me dizes quem sou
Eis que respondo agora:
“Este apenas estou,
Me defina outra hora”.

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