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Tarde de Agosto

Hoje me sento na praça E aprecio meu café Pois serena é a maré Quando a tempestade passa E o que era já não é Vejo cores que não via E os sons que ignorava Hoje enchem de alegria Meus ouvidos que um dia Só ruídos escutava Sinto a luz do sol no rosto E o sol que quase posto Saúda a noite que já cresce Fim tarde que padece No inverno de agosto Quem aquele que não erra? Pensamento se desfaz Num estalo se encerra O que posso querer mais? Ontem coração em guerra, Hoje a alma canta em paz.

O Amor e Ela

Não acredita mais Em amores eternos E na eterna paz Que no fim do inverno Primavera nos traz Permitiu-se demais E cedeu por inteiro Quando há algum tempo atrás Desabou de joelhos Por um certo rapaz E então foi assim Sempre quando podia Aventuras sem fim Em noitadas vazias Dia não, dia sim No prazer do instante De uma única vez Com um acompanhante O qual ela talvez Lembrará obstante Mas fugindo do mundo Se fingindo indolor De seu corte profundo Onde queima o calor De seu peito oriundo Esqueceu-se do amor Quando sublime vinha E maior hoje é a dor Por acordar sozinha Em seu leito sem cor.

O Carvalho e o Tempo

- Nas folhas que caíram Meus galhos se despiram E as aves sem abrigo Que fogem do perigo Deste campo sumiram Me diga, velho amigo Por que fizeste isto? Estava satisfeito Com o verde perfeito Que a copa ostentava E o vento farfalhava Tocando com respeito Num som que assobiava Por que há de ser assim? Melodia dos pardais Sobre o toque dos urzais Que coçavam-me a raiz Nestas flores cor de anis Primavera se desfaz Mesmo assim era feliz Por que é que existe o fim? - Aqui me pronuncio Eu, Tempo, não tardio De tudo sou maestro Regendo em manifesto Eterno desafio Escuto o teu protesto Carvalho, camarada Teu caule é só morada Da minha eterna valsa Que flui como uma balsa E nunca está parada É a vida que realça Enxergas lá na frente? Bem próximo a nascente? Aquela verde muda É planta ainda miúda Nascida da semente Graças a sua ajuda E por minha gratidão Por assim deixo-te então Em tal muda vais morar Vida a se perpetuar Pois o Tempo é mera mão...