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Estrela da Aurora

Abençoem os anjos o dia O qual cantam com harpa dourada Onde o mundo fizeram morada Desta estrela do céu que caía Em seus olhos o brilho irradia E ornamenta a nossa pousada Sempre falam com a boca calada Entorpecendo o ar de alegria Faz-se brisa quase que encantada Nesta luz que ofusca arredia Quando acende na aurora tardia Não se extingue na noite apagada Tal semblante sutil de uma fada Na harmonia da voz que inebria Voa livre em sua rebeldia Não ascende quando enclausurada É por mim estrela contemplada No clamor de uma voz que ecoa Homenagem esta eternizada Nesta minha voz que se destoa Pois é sempre estrela amada Faz da vida uma vida tão boa.

O Beijo de Canto

O beijo de canto Que não planejado Será que ela quis? Pelo meu espanto O rosto corado Será que eu fiz? O beijo no canto De sorriso aberto Que passa sem ver Que faz, entretanto O que era certo A gente rever Um toque no canto Do lábio rosado Que mal se sentiu No tato enquanto O que não conversado No interno explodiu O beijo de canto Que foi sem querer Ou foi por que quis? Momento no entanto A transparecer Neste rosto feliz.

O Viajante 2

Quando se olha da primeira vez A superfície do azul de um mar Suas águas brilham com tal nitidez Que seu profundo não dá pra enxergar Nem mesmo as ondas quebrando ferozes Após tormenta antes do sol raiar Ou mau agouro de alguns albatrozes Impede a vela do barco de içar Tal viajante tão firme se fez Nesta rotina de nunca ancorar Seu braço forte tem força de três E a mente forte por nunca chorar Pois viajante escuta as vozes Do oceano a dizer sem parar - A calmaria pros barcos velozes É a corrente pra se navegar Na solidão deita em plena nudez Contempla a luz do sereno luar Que quando espia sua palidez Mostra o caminho o qual atravessar O seu destino diz nunca saber Pois sabe sempre onde vai atracar - Quem sabe o dia em que eu me perder Não é o dia que vou me encontrar?

Menina Mulher

No rosto o semblante que oculta O ímpeto da adolescência Transcende no ar a inocência Do riso que a gente não escuta Andando com irreverência Em passos de mente astuta Atrai para si sem disputa Olhares de toda a existência Seu rosto enrubesce no ato Com simples olhar de desejo Mas quando lhe vem o ensejo Mulher ela vira de fato E vem de repente um beijo Que sem resistência eu acato Deixando de lado o sensato Por algo que ainda prevejo Menina mulher que fascina Vontade pairando onde der Às vezes razão desatina Ou pousa seus pés onde quer Agora ela é uma menina E agora ela é uma mulher.

Tarde de Agosto

Hoje me sento na praça E aprecio meu café Pois serena é a maré Quando a tempestade passa E o que era já não é Vejo cores que não via E os sons que ignorava Hoje enchem de alegria Meus ouvidos que um dia Só ruídos escutava Sinto a luz do sol no rosto E o sol que quase posto Saúda a noite que já cresce Fim tarde que padece No inverno de agosto Quem aquele que não erra? Pensamento se desfaz Num estalo se encerra O que posso querer mais? Ontem coração em guerra, Hoje a alma canta em paz.

O Amor e Ela

Não acredita mais Em amores eternos E na eterna paz Que no fim do inverno Primavera nos traz Permitiu-se demais E cedeu por inteiro Quando há algum tempo atrás Desabou de joelhos Por um certo rapaz E então foi assim Sempre quando podia Aventuras sem fim Em noitadas vazias Dia não, dia sim No prazer do instante De uma única vez Com um acompanhante O qual ela talvez Lembrará obstante Mas fugindo do mundo Se fingindo indolor De seu corte profundo Onde queima o calor De seu peito oriundo Esqueceu-se do amor Quando sublime vinha E maior hoje é a dor Por acordar sozinha Em seu leito sem cor.

O Carvalho e o Tempo

- Nas folhas que caíram Meus galhos se despiram E as aves sem abrigo Que fogem do perigo Deste campo sumiram Me diga, velho amigo Por que fizeste isto? Estava satisfeito Com o verde perfeito Que a copa ostentava E o vento farfalhava Tocando com respeito Num som que assobiava Por que há de ser assim? Melodia dos pardais Sobre o toque dos urzais Que coçavam-me a raiz Nestas flores cor de anis Primavera se desfaz Mesmo assim era feliz Por que é que existe o fim? - Aqui me pronuncio Eu, Tempo, não tardio De tudo sou maestro Regendo em manifesto Eterno desafio Escuto o teu protesto Carvalho, camarada Teu caule é só morada Da minha eterna valsa Que flui como uma balsa E nunca está parada É a vida que realça Enxergas lá na frente? Bem próximo a nascente? Aquela verde muda É planta ainda miúda Nascida da semente Graças a sua ajuda E por minha gratidão Por assim deixo-te então Em tal muda vais morar Vida a se perpetuar Pois o Tempo é mera mão...