Conquista
Em mais um daqueles discursos temperados a melancolia, ouso dizer que sou adepto ao tempo em que a conquista se fazia de forma sublime, num jogo de mistério, palavras e expressões, onde ambos envolvidos eram desafiados a desvendar pensamentos e pequenas disparidades fisionômicas. Hoje, pegando carona em sistemas que tornam a aproximação humana cada vez mais fácil, este evento torna-se tão efêmero quanto os relacionamentos resultantes dele. Consequência daquilo que vem fácil: este vai fácil, pois não é da natureza do ser humano dar valor à coisas que simplesmente brotam ao acaso. Talvez por isso também perde-se toda a magia daqueles instantes, na certeza de muitos momentos como este. E sua singularidade fica banalizada, quase que como uma prática padronizada e cotidiana. Corro o risco de ser taxado como antiquado. Mas sou fervoroso adepto daquele momento que soa como eterno. Onde cada segundo é decisivo, onde cada pergunta não tem resposta, onde cada ação tem um motivo, e on...